Direitos iguais
Ativistas criticam falta de eficiência da polícia em
apurar crimes contra LGBTs
Manifestantes fizeram protesto, nesta terça-feira,
no Centro do Rio
Ativistas fizeram uma passeata,
na noite desta terça-feira, da Candelária até a Câmara dos Vereadores, no
Centro do Rio, em homenagem ao Dia Internacional do Orgulho LGBT. A
manifestação ocorreu um dia depois da divulgação da morte de seis LGBTs em
apenas uma semana no estado. Durante o ato, os manifestantes criticaram a falta
de eficiência da polícia em apurar crimes contra LGBTs. O protesto chegou a
interditar a Avenida Rio Branco, por volta das 18h30.
Os ativistas criticaram o pouco
empenho da polícia em apurar crimes envolvendo LGBTfobia. Para o militante
Thiago Bassi, os agentes de segurança pública não estão preparados para lidar
com a violência contra homossexuais e transexuais. “Há uma falta de empenho em
reconhecer que crime de ódio mata”, disse ele. Ele relata que já teve
dificuldades para registrar um crime homofóbico em uma delegacia da Zona Sul do
Rio.
“Quando a gente foi à delegacia,
a gente foi tratado como agressor e os agressores como vítima. Eles (os
policiais) não querem enxergar que existe um crime de ódio. Falam que é outra
coisa. Se mascara, se omite. Você tem que implorar na delegacia para que haja a
notificação de homofobia no RO”, completou Bassi, ativista do Tem Local, site
que faz o mapeamento de locais onde LGBTs são vítimas de preconceito.
“Existe um preconceito
institucional impregnado no Estado. A polícia que deveria investigar e punir
não faz nada e tenta tirar a natureza lgbtfóbica do crime”, disse a secretária
para políticas LGBTs do PSTU, Marília Macedo.
A travesti Evelyn Gutierrez
relatou um episódio de omissão policial ocorrido em São Paulo. Apesar de
conseguir juntar provas para a elucidação do crime, ela afirma que não houve
qualquer empenho da Polícia Civil para apurar o caso. “Há dois anos atrás parou
um carro com cinco menores e me deram muita porrada. Eu consegui as imagens da
câmera de segurança, consegui o número da placa, mas não adiantou, não deu em
nada. Levei o caso à delegacia, mas não houve nenhum interesse da polícia em
investigar, pelo contrário, sofri preconceito e fui motivo de chacota”.
A travesti Evelyn Gutierrez conta ter sido vítima
de descaso da polícia. Foto: Felipe Martins
Durante a passeata na Rio Branco,
os manifestantes fizeram uma contagem regressiva de 49 até o número 1,
lembrando todas as vítimas do tiroteio na boate Pulse, em Orlando, Estados
Unidos.
“Falta investimento em educação”,
diz ativista trans
O ato foi encerrado na Câmara de
Vereadores. Nesta terça-feira, houve uma discussão do Plano Municipal de
educação na Casa. Segundo os manifestantes, há uma ofensiva de fundamentalistas
religiosos impedindo uma educação que respeite a orientação sexual e identidade
de gênero. Para uma das principais ativistas LGBTs do país, a travesti
Indianara Siqueira Alves,, a falta de interesse do poder público em investir em
educação pautada no respeito à orientação sexual e identidade de gênero tem
ligação direta com o pouco respeito à população LGBT no país.
Manifestantes caminharam da Candelária até a
Cinelândia, na Avenida Rio Branco, Centro do Rio. Foto: Felipe Martins
“As crianças continuam crescendo
achando que LGBTS são errados. Essas crianças um dia vão se tornar médicos,
advogados, delegados, e vão continuar discriminando porque a discussão não é
pautada na educação pública”, disse a criadora do Prepara Nem, curso voltado a
travestis e transexuais preparatório para o ingresso no Ensino Superior e
presidente da ONG Transrevolução.
“Tivemos 141 mortes de pessoas
trans no Brasil em 2015 . A rua para nós LGBTs não é segura como para qualquer
pessoa. Dentro de casa não é seguro como para qualquer pessoa. Muitas mulheres
lésbicas sofrem o chamado estupro corretivo. As travestis são expulsas de casa
desde cedo. São empurradas para a prostituição . E crescem marginalizadas pela
sociedade. Se precisam procurar o serviço público de saúde, não são internadas
nas alas conforme seus gêneros. A nossa luta diária é pelo direito de existir”,
completou Indianara.
ETC. PORTAL FORUM
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