Viva Lula e sua obra, herói
'Me senti
prisioneiro. Eu merecia mais respeito nesse país', diz Lula a jornalistas
Vanessa
Martina Silva e Matheus Pimentel | São Paulo - 04/03/2016 - 18h08
'Se a
Polícia Federal ou o Ministério Público encontrar R$ 1 ilícito meu, eu não
mereço ser do PT', afirmou ex-presidente, que voltou a chamar operação da PF de
'circo midiático'
“Estou magoado. Me senti prisioneiro hoje de
manhã”, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em declaração dada a
jornalistas no Diretório Nacional do PT (Partido dos Trabalhadores) nesta
sexta-feira (04/03) após ter sido conduzido para prestar depoimento de forma
coercitiva à PF (Polícia Federal). Durante a conversa com os meios de
comunicação, o líder ironizou: “cadê a Globo? Não estou vendo o microfone da
Rede Globo”.
Mídia
Ninja
"Eu fui o melhor presidente que
esse país já teve. Melhor que os cientistas políticos, os médicos, os
intelectuais', disse Lula
Lula voltou a ressaltar que se a
PF queria que ele prestasse depoimento, bastava ter enviado um mandado. “Eu já
prestei depoimento três vezes para eles, inclusive nas minhas férias”,
esclareceu. “Mas preferiram a prepotência e a arrogância”, afirmou ao
questionar também a motivação para que a polícia tenha ido atrás dos filhos
dele.
“Eu merecia mais respeito nesse
país. Quero que saibam que o que aconteceu hoje magoou minha história. Fui
ofendido e ultrajado, apesar do tratamento cortês dispensado pelos delegados da
Polícia Federal”, ressaltou.
Sobre as denúncias, voltou a
defender que “não é possível ver o país sendo vítima de um espetáculo midiático
que coloca um barco de quatro mil reais da Dona Marisa como suspeita. Se eu
pudesse, eu daria um iate para ela. Se preocupam com um pedalinho de dois mil
reais que foi dado aos netos. E eu uso a chácara de amigos porque os inimigos
não me oferecem. A Globo não me oferece o triplex de Paraty”, ironizou,
referindo-se a um apartamento supostamente da Família Marinho e que está sob investigação da Operação Lava Jato.
“Eu quero saber quem vai me dar o apartamento.
Se eu não paguei e não comprei, então não é meu. Quando isso tudo acabar,
alguém vai ter que me dar o apartamento e a chácara. Espero que alguém me dê
porque aí vai ser meu”.
PT
Sobre o PT, Lula afirmou que,
“embora esteja magoado com o que aconteceu hoje, isso era o que precisava
acontecer para o PT levantar a cabeça. Porque todo dia alguém faz o PT sangrar”.
Apesar de não deixar claro se vai concorrer à presidência em 2018, garantiu que
“a partir da semana que vem quem quiser discursinho do Lula é só acertar a
passagem de avião que estou disposto a andar por esse país todo”.
E lançou um desafio ao presidente
do PT, Rui Falcão: “se a Polícia Federal ou o Ministério Público encontrar um
real ilícito meu, eu não mereço ser deste partido”.
O petista concluiu a declaração
com uma de suas clássicas metáforas: “se queriam matar a jararaca, não bateram
na cabeça, bateram no rabo e a jararaca está viva, como sempre esteve”.
Após as declarações, Lula desceu
para se encontrar com os manifestantes que se concentravam em frente à sede do
partido. O presidente do PT, Rui Falcão convocou a militância do partido a se
mobilizar em diversas cidades do país às 18 horas em apoio ao ex-presidente.
Base
jurídica
Cristiano Zanin, advogado do
ex-presidente Lula, declarou que “a falta de base jurídica salta aos olhos” na
ação conduzida pela PF nesta manhã. Zanin concedeu uma entrevista coletiva logo
após as declarações do ex-presidente.
“A condução coercitiva
[obrigatória] só se justifica se a pessoa for intimida e não comparecer”,
afirmou o advogado, acrescentando que não se sustenta alegação de que a PF
conduziu Lula de forma coercitiva para garantir a segurança do ex-presidente.
Zanin disse que caso essa condição fosse aceita, “estaríamos em um Estado de
exceção”.
“Não havia perguntas novas hoje,
todas já haviam sido respondidas por Lula”, disse. O advogado afirmou ainda que
a operação infringiu princípios constitucionais, como o da dignidade da pessoa
humana e do devido processo legal. ”Esse quadro mostra uma situação de
arbitrariedade a que estão sujeitos não só o presidente Lula, mas como toda a
sociedade”, declarou Zanin.
“Em relação à suposta delação
premiada [do senador Delcídio do Amaral], não houve nenhuma pergunta em relação
a esse tema”, afirmou o advogado. Publicada nesta quinta-feira (03/03) pela
revista IstoÉ, a suposta delação não foi confirmada publicamente pelo
parlamentar, ex-líder do PT no Senado.
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