Escala industrial
Sistemas construtivos industrializados agilizam obras residenciais
Materiais pré-fabricados proporcionam
maior velocidade à construção e reduzem geração de resíduos, consumo de energia
e mão de obra
Texto:
Gabriel Bonafé
A alvenaria de blocos e o concreto armado ainda são os sistemas
construtivos mais empregados na construção residencial brasileira. Mas existem
exceções à regra: sistemas construtivos industrializados podem ser a solução
quando a necessidade é de reduzir o cronograma da obra. “Com materiais
pré-fabricados e estruturas de madeira ou metálica, é possível
executar a obra em um mês. Já no método convencional, leva-se de três a quatro
meses”, compara André Luque, arquiteto e fundador do escritório André Luque Arquitetura.
De modo geral, essas soluções são pré-fabricadas e
tornam o processo construtivo mais racional, já que os componentes são
entregues prontos para a montagem, o que elimina etapas construtivas, reduz o
consumo de água e energia, entre outras vantagens.
Sistemas como o wood framing oferecem grande
agilidade à obra (Brandon Bourdages/ Shutterstock.com)
SUPERESTRUTURA
Em geral, é difícil escapar do concreto armado na
etapa de fundações, já que o sistema permite atender às demandas do cálculo
estrutural e acomodar a construção em solos com diferentes características.
“Uma vez vencida essa fase de fundação, é possível partir para o uso de estruturas metálicas ou de madeira”, conta Luque,
exemplificando com o sistema estrutural de MLC (Madeira Laminada Colada) que
tem adotado em seus projetos.
Para escolher entre as estruturas metálica ou de
madeira, os projetistas devem avaliar aspectos como a disponibilidade de fornecimento
do material na região, adequação do sistema construtivo aos vãos estruturais do
projeto, a agressividade do ambiente (regiões litorâneas e proximidade do mar),
entre outros.
Com
materiais pré-fabricados e estruturas de madeira ou metálica, é possível
executar a obra em um mês. Já no método convencional, leva-se de três a quatro
meses
André
Luque
Também é necessário considerar a linguagem
arquitetônica do projeto. “Esteticamente, a madeira tem um aspecto mais
aconchegante. Já a estrutura metálica é mais fria, para uma arquitetura mais
minimalista, com menos informação”, considera Luque.
Como a crise econômica barateou o aço, a estrutura
metálica apresenta custo vantajoso sobre a de madeira. Já em comparação com o
sistema convencional, as estruturas metálicas e de madeira apresentam melhor
custo-benefício, pois requerem menor mão de obra e geram menos resíduos.
SISTEMAS PRÉ-FABRICADOS
“Como são apenas montadas no canteiro, as
construções pré-fabricadas oferecem uma grande agilidade à obra”, destaca
Flávio Castro, arquiteto e fundador do FCstudio. Os sistemas steel framing e
o wood framing são os principais exemplos para esse tipo de construção.
“Sem vigas e pilares, eles possuem fundação leve e são rápidos de executar,
permitindo combinação com estrutura metálica ou de madeira", explica Otto
Felix, arquiteto e urbanista, proprietário do Studio Otto Felix.
Por proporcionarem uma construção seca, os sistemas
steel framing e wood framing também garantem maior eficiência ao
canteiro e racionalizam a obra. “Não tem desperdício de energia e nem de
material, além de precisar de pouca mão de obra”, ressalta Felix.
No entanto, os sistemas de steel framing e wood
framing só se tornam viáveis quando o terreno é plano. “Em um terreno com
muitas irregularidades, seria necessário executar serviços de terraplenagem
para adequá-lo. Nesse caso, vale mais a pena fazer outro tipo de sistema
misto”, pondera Felix.
Sem vigas
e pilares, eles [sistemas light steel framing e wood framing] possuem
fundação leve e são rápidos de executar, permitindo combinação com estrutura
metálica ou de madeira
Otto
Felix
ALTERNATIVAS COMPLETAS
As soluções estruturais são complementadas com
componentes que agilizam a execução de paredes externas e internas. É o caso,
nas fachadas, das placas cimentícias, que são de fácil manuseio,
proporcionam montagem rápida e resistem às intempéries.
O drywall é usado na execução de paredes e vedações
internas. “Trata-se de um sistema a seco que, logo após instalado, já pode receber
o acabamento sem precisar de todas aquelas etapas da alvenaria convencional”,
esclarece Luque.
Maior e mais leve do que os blocos cerâmicos e de
concreto, os blocos de concreto celular também são uma alternativa para
agilizar o levantamento de paredes. “Ele equivale a uns dois ou três blocos,
com rendimento maior”, observa Luque, apontando que esse tipo de produto requer
quebras e, portanto, não é ideal para uma obra limpa.
CONTAINER
Opção para muitas tipologias construtivas, o container também pode ser aproveitado em
obras residenciais. “É adequado desde que se conheça seus prós e contras”,
avalia Castro, considerando que, se por um lado ele agiliza a construção,
por outro não permite tantas flexibilizações de espaços. “Ele tem pé-direito
baixo, limitações de projeto e nem sempre é viável economicamente”, acrescenta
Felix.
“É uma solução acessível para aproveitar o terreno
caso o proprietário não tenha orçamento para construir a casa, permitindo
projetos interessantes que podem começar como instalação provisória e evoluir
para anexo de uma construção maior”, completa Luque.
Colaboração técnica
André Luque – Trabalhou em diferentes
escritórios de arquitetura desenvolvendo projetos institucionais, comerciais e
residenciais. Participou, também, de diversos concursos nacionais e
internacionais de arquitetura. Após vencer o concurso para o Centro Cultural de
Araras (SP), em 2004, abriu um escritório com colegas de faculdade e passou a
desenvolver projetos institucionais e comerciais. Em 2006 funda a André Luque
Arquitetura e começa a criar projetos residenciais com traços contemporâneos e
especial atenção às questões ambientais e sustentáveis. Em 2007, vence o
concurso para o Teatro Municipal de Londrina. Em 2009 recebe o 3° Prêmio na
Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo com o projeto Centro Cultural
de Araras.
Flávio Castro – Arquiteto com mestrado na
Espanha pela Universidade Politécnica da Catalunha. Colaborou com escritórios
espanhóis – incluindo MAB Arquitectura, Arteks Arquitectura e
Hidalgo&Hartmann – e brasileiros – como o Núcleo de Arquitetura, AR.CO.,
Fundação MASP e MMBB Arquitetos no Brasil. Participou de concursos em
colaboração com todos esses escritórios e também individualmente. É fundador do
escritório FCstudio.
Otto Felix – Arquiteto e urbanista pela
Universidade Paulista (2004) com MBA em marketing pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV) e especialização em empreendedorismo em Babson College, em Boston (EUA).
Durante a faculdade, descobriu seu gosto e talento para o marketing,
especializando-se em projetos comerciais, corporativos e varejo, que necessitam
de estudo e posicionamento de mercado. Em 2005, inaugurou o Studio Otto Felix
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