Vulnerabilidades expostas
Guardia:
guerra comercial entre potências afeta economias emergentes
Publicado
em 22/07/2018 - 08:53
Por Monica
Yanakiew - Repórter da Agência Brasil Buenos Aires
O Brasil e vários países
manifestaram neste sábado (21) sua preocupação com a guerra comercial
entre as grandes potências. Esse foi um dos principais temas do terceiro
encontro de ministros da Fazenda e presidentes de Banco Central do G-20 – o
grupo integrado pelas dezenove maiores economias mundiais e a União Europeia
(UE). A reunião de dois dias termina hoje (22).
“Isso afeta as economias
mundiais, principalmente as economias emergentes”, disse o ministro da Fazenda
brasileiro, Eduardo Guardia, em entrevista coletiva, após o primeiro dia de
encontro. Segundo ele, os riscos aumentaram depois que os Estados Unidos
começaram a aplicar tarifas as importações de produtos chineses e que a China
retaliou.
“Se olharmos de
abril para cá, todas as principais econômicas emergentes tiveram
desvalorização de suas moedas”, disse o ministro. Mas segundo ele, a única
saída – principalmente para o Brasil - continuar realizando as reformas
necessárias, para fortalecer a economia e estar melhor preparado para
atravessar “momentos de volatilidade”.
Segundo o ministro, o Brasil
poderia se beneficiar – a curto prazo – da briga de tarifas e contra-tarifas,
entre Estados Unidos e China, ocupando o espaço dos exportadores
norte-americanos e vendendo mais para o mercado chinês. Pelos cálculos do
governo brasileiro, isso poderia significar um ganho de US$ 2 bilhões este ano.
Mas não compensaria os prejuízos que uma guerra comercial causará, a longo
prazo, tanto para a economia brasileira, quanto para a economia mundial.
Guardia disse que o Brasil não
tem os meios para intervir numa guerra comercial entre as grandes economias,
mas deve se preparar para enfrentar maiores dificuldades, se elas aparecerem.
“Se o cenário for mais adverso, a reação vamos acelerar as nossas linhas de
defesa. No caso brasileiro aumenta a necessidade de consolidação fiscal:
leia-se previdência, questões tributárias, questões de abertura comercial”,
afirmou. Ele disse que, apesar do Brasil ter um “setor externo muito sólido”, o
país tem “fragilidades” na área fiscal.
Câmbio
O ministro descartou qualquer
medida para estabelecer um patamar de câmbio no Brasil. “O câmbio brasileiro é
flutuante. O que nos dá proteção nesses momentos de volatilidade e reforçar os
fundamentos da economia brasileira e ficar menos vulnerável a qualquer
deterioração do cenário externo”, disse. Segundo ele, o Ministério da Fazenda e
o Banco Central se limitarão a fazer intervenções quando “entendermos que há
disfuncionalidade no mercado de cambio ou de juros”.
Mas ele ressaltou que nas últimas
três semanas não houve qualquer intervenção. “Isso significa que o mercado
reencontrou seu patamar de equilíbrio”, disse.
Edição: Sabrina
Craide
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